segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Eu quero uma casa com varanda.

Barreiras, obstáculos, paredes, sinais, vozes, visões, ilusões, paranóias.

Sufocante se torna uma qualidade para o meio cujo qual não se encaixa em qualquer adjetivo negativo.

Costumes de desconfiança se tornam rotinas obrigatórias, onde o Sol já nasce despercebido e camuflado pelo caos.

O movimento de uma folha, motivado pela ação do vento, é a imagem que se tem, mas não se vê.

Não há nada pior do que não ter pra ou por onde correr, quando nossas emoções já não cabem dentro de 75 Kg.

O que se reprime não morre. Fica guardado esperando uma fenda por onde explodir.

Um ambiente sem poesia não é onde quero estar quando for de minha escolha o destino.

Fadigados e viciados, são os músculos que não mais suportam o nomadismo do conjunto onde nasceu.

Esquecemos da emoção, do medo, da angústia, do amor e do afeto.

Esquecemos a nossa espécie. Vivemos sob programação.

Lares que invadem o espaço alheio. Que cobrem ou que servem de base, não importa.

A capacidade de multiplicação desordenada é uma das práticas mais comuns observadas.

Sintomas de que o que se tem em mãos não é o suficiente. Jamais será o suficiente.

De repente o homem é criador daquilo que já foi seu berço.

De repente o verde se torna um produto, não mais algo natural, e que é capaz de dialogar com o cinza.

Gritos que perdem força e ganham o apelido de sussurros.

Pensamentos que manipulam a boca, a única saída para o mundo externo.

Todo o oposto dos meus sonhos, é a realidade nos meus dias.

Após dez ou quinze anos talvez nem se consiga mais lembrar do que é ideal. Aprendemos a provar e gostar do que nos é oferecido.

Eu jamais conseguirei morar em um elevador num edifício qualquer.

Eu quero uma casa com varanda.


3 comentários:

  1. O bom é identificar tudo isso, refletir sobre tudo isso. O problema é quando não se percebe, é quando o absurdo se torna natural. É quando esquecemos de refletir ou mudar!

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  2. Você sempre me faz bem... um bem que se desmancha em belas e sábias palavras que compõem os teus trechos... teus textos. Obrigada!

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