segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que eu quero.

Eu quero acordar em uma Terça-Feira depois das 9h, levantar calmamente e fazer meu café na cozinha enquanto lembro-me da noite anterior.

Eu quero completar o tanque do meu carro, carregar o que é necessário para o meu bem estar, e dirigir sem rumo até que seja necessário começar o ciclo novamente.

Eu quero começar tudo do zero, manter o meu conhecimento, e tentar não errar tanto dessa vez.

Eu quero passar o dia inteiro tentando identificar os significados dos sons, que ouço nas músicas que vêm lá da ponta da Europa.

Eu quero ser dono do meu tempo, da minha opinião, dos meus bens e não sentir culpa nenhuma.

Eu quero esquecer as minhas dores, cicatrizar os cortes e ter somente lembranças.

Eu quero sair pelas ruas com a inocência de uma criança, observar o que me é novo e vasculhar os meus interesses.

Eu quero poder libertar meus demônios, gritar com as vozes do meu pensamento e mesmo assim não atingir ninguém a minha volta.

Eu quero colocar o orgulho no bolso, voltar atrás na minha decisão e tentar encontrar outra forma de isso solucionar.

Eu quero dizer que ainda te amo.

Eu quero dizer que sinto a sua falta, que faz frio aqui, que eu quero sentir calor de novo, e que não entendo de onde isso vem.

Eu quero ser metade da pessoa que meu pai espera que eu seja, trazer somente orgulho e deixar de lado o que me põe pra trás.

Eu quero chegar em casa no final do dia com a sensação de missão cumprida, beijar minha esposa como rotina e não me cansar disso.

Eu quero que em um piscar de olhos tudo aquilo se encontra desligado acorde, viva intensamente e não me cause arrependimentos tão profundos.

Eu quero que você saiba que eu não te odeio mais.

Eu quero primeiro descobrir quem sou eu, para que assim possa realmente adotar esse personagem tentando assim chegar ao meu equilíbrio.

Eu quero criar asas e poder voar pra onde me der vontade, passando livre como uma ave por um caminho que não tem obstáculos.

Eu quero uma vida realista, não fácil nem difícil.

Eu quero encontrar as respostas de tantas perguntas, eu quero responder todas as perguntas.

Eu quero saber o que vem depois que a gente fecha os olhos pra nunca mais abrir.

Eu quero saber se vão sentir minha falta depois desse dia.

Eu quero sumir não do mundo, mas sim do que me rodeia e que já me causa enjôo pelo fato de saber o que terei que engolir todos os dias.

Eu quero ficar estático no topo de uma montanha, esfriar minha pele com o vento aconchegante, escrever tudo que me vem à cabeça e depois jogar fora.

Eu quero saber daquilo tudo que você jamais me contou, barrada pelo medo ou angústia, e que poderia ter feito toda a diferença.

Eu quero o que não quero, e não quero o que não tenho. Não quero o que é me traz conforto, e quero o que me faz procurar por ele.

Eu quero correr num Domingo de tarde por uma floresta densa, com árvores altas ao meu redor, até que meu corpo não consiga mais se locomover em uma corrida sem fim.

Eu quero fazer parte do que jamais esperei um dia conhecer, me surpreender de forma positiva com os fatos e criar motivação para acordar no dia seguinte.

Eu quero tocar bateria imaginária no trânsito, em casa, na rua, no banco, no trabalho, no almoço, no jantar e enquanto penso nas próximas linhas.

Eu quero que você possa se ver com os meus olhos, traduzir o seu próprio rosto e entender de onde vem o que me leva até você.

Eu quero saber onde que foi o início, se já estou no meio e se existirá um fim.

Eu quero estar atento ao tiro inicial para poder acompanhar a prova, manter-me no ritmo que preciso estar e conseguir finalizar mesmo chegando em último lugar.

Eu quero sentir o conforte de se estar triste.

Eu quero não ser “aquilo” que você quer, e conseguir te convencer de que sou eu quem você quer.

Eu quero apertar o gatilho e assistir em câmera lenta a sua reação ao que lhe atinge.

Que quero estar lá quando você precisar, estar aqui quando você voltar e conseguir ver a beleza de seus olhos até mesmo num dia frio.

Eu quero querer e conquistar independente do custo que isso me traga, não sentir mais dor depois da quinta porrada, me rastejar quando não me sobrarem mais pernas, fazer mímica quando não me sobrar mais voz, e morrer quando quieto dentro de casa depois de ter ao menos olhado pra rua.