terça-feira, 19 de junho de 2012

O que o dinheiro não compra.



Na posição em que se é aconselhado ficar por pelo menos oito horas por dia. As janelas, portas e qualquer outro tipo de canal com o meio externo são vedados. Nenhum entretenimento via satélite é presente. O silêncio vale ouro.

Corpos desproporcionais que vêm encaixe perfeito no momento de junção. O peso da cabeça sob o peito é algo desejado pela pele. Dedos que almejam fazer parte ou conduzir o movimento dos cabelos.

Olhares que não se enxergam, mas mantém comunicação. A ausência de luz chega para fazer parte do momento que é único e repetido. O que se declara casualmente com palavras é melhor traduzido pelo toque.


Força interna que age de forma agressiva. Batendo sem machucar, apertando sem esmagar. Um ensaio de beijos que não se contentam somente com os lábios, mas procura um sabor novo em cada pedacinho do corpo.

Calmo e relaxante de início, que esquenta quando as luzes se apagam e o cobertor se finge de escudo. Escudo que é tirado de cena quando o calor de um é suficiente para o outro. A plataforma feita em medidas padronizadas parece não ter mais horizonte. O espaço se torna sem fim.

Calmo e relaxante no final, que sente frio mas aproveita a sensação de choque térmico. Agora não mais ensaios, mas sim um espetáculo de beijos mostrando a mais bela dança entre os lábios e línguas. Caricias intermináveis que parecem tocar pela primeira vez a textura do corpo pelo qual acaba de passear.

Pálpebras que resolvem deixar os olhos cegos. Uma passada por aqui, outro apertão por ali, e dois se tornam apenas um. Não se percebe quando o dia chegou ao fim.

Necessárias são as coisas capazes de serem compradas. Uma dádiva é ter o que o dinheiro não compra: fazer amor com você.

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